Blog de Alcides Santos

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sábado, novembro 18, 2006

O MEU TIME É DE PRIMEIRA DIVISÃO

Time do alvirrubro pernambucano atendeu aos apelos de sua torcida de “Vamos subir, Náutico!”, derrotou o Ituano, nos Aflitos, e vai estar na Série A em 2007. Em uma partida dramática – o Ituano fez jus à mala-preta concedida pela Coritiba e vendeu caro a derrota –, o Timbu bateu o clube do interior de São Paulo por 2x0, ontem, nos Aflitos, pela 37ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro e está classificado para a Série A em 2007. Foram 12 anos longe da elite do futebol brasileiro. A vitória levou o Náutico aos 63 pontos e deu ao time alvirrubro a 3ª posição momentânea (não pode mais ser alcançado pelo 5º colocado, o Paulista, que tem 58 pontos). No próximo sábado, o Timbu encerra sua participação contra o Santo André, no Bruno José Daniel, no ABC paulista.
Diferente de outras apresentações nos Aflitos, o Náutico não começou bem a partida. A ansiedade além do normal era o principal adversário dos alvirrubros. Sem Netinho, que não pôde entrar em campo por causa de um edema na coxa direita, coube a Luís Carlos Capixaba a função de armar as jogadas no meio-de-campo ao lado de Nildo. O problema é que o Náutico insistia em alçar bolas aéreas para Kuki e Felipe, que não conseguiam levar vantagem sobre a alta defesa do Ituano.
Tanto que a única chance clara do time pernambucano aconteceu só aos 30 minutos do primeiro tempo. Felipe tocou por elevação para Nildo, que, de cabeça, achou Kuki sozinho na área. No entanto, o Baixinho pegou mal na bola e desperdiçou a oportunidade. Neste momento, ficou nítido que o atacante ainda estava sentindo muitas dores no calcanhar direito, em virtude da contusão sofrida ainda na partida contra o Gama, pela 35ª rodada.
Bem postado atrás, o Ituano esperava as brechas entre o meio-de-campo e a defesa do Náutico para assustar nos contra-ataques. Em um deles, Gilson ganhou de Leandro na velocidade e chutou rasteiro. A bola passou a um palmo da trave direita do goleiro Eduardo. Na seqüência, Cris (ex-Sport) aproveitou o desentendimento de Leandro e Luciano, roubou a bola e chutou colocado. A pelota passou raspando o travessão de Eduardo.
A chuva que caiu no intervalo e continuou no segundo tempo veio para abençoar o Náutico e espantar os maus fluidos. Logo aos 3 minutos, Felipe tocou para Kuki, que não foi egoísta e serviu Luís Carlos Capixaba, que entrou como um raio entre os zagueiros do Ituano e só completou para o fundo das redes do goleiro André Luiz.
O gol serviu para acalmar os nervos dos jogadores. Sem muita correria, o Náutico passou a gastar o tempo. Contudo, para ratificar de vez a classificação alvirrubra para a Primeira Divisão, Felipe fez 2x0 aos 24 minutos, após receber belo passe de Nildo, um dos melhores em campo. Foi o 15º gol de Felipe (artilheiro da equipe na Série B). Daí para frente foi só tocar a bola e esperar o apito final do árbitro Antônio Hora Filho. E quando esse momento chegou, a torcida, em coro uníssono bradou: “Primeira! Primeira! Eu sou da Primeira!”
Ficha do jogo
Náutico
Eduardo, Sidny, Breno, Leandro e Jaime (Sérgio Manoel), Luciano Totó, Vagner Rosa, Luís Carlos Capixaba e Nildo (Marcelo Ramos), Kuki e Felipe.
Técnico: Hélio dos Anjos.
Ituano
André Luiz, Ricardo Lopes, Romildo, Erivélton e Daniel Moradei, Adriano,
Jhonny (Rafael Tesser), Paulo Santos e Reginaldo, Gilson (Moré) e Cris (Beto).
Técnico: José Luiz Drey.
Local: Aflitos. Árbitro: Antônio Hora Filho (SE). Assistentes: Almirdrovandro da Silva Lima (SE) e Ivaney Alves de Lima (SE). Gols: Luís Carlos Capixaba, aos 3, e Felipe, aos 24, do 2º tempo. Cartões Amarelos: Felipe, Luciano Totó, Nildo (N), Jhonny, Gilson, Ricardo Lopes (I).
Renda: R$ 252.555. Público: 20.669.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Clóvis Rossi: Cenas patéticas

MONTEVIDÉU - Em 1989, na véspera da posse (a primeira) de Carlos Saúl Menem na presidência argentina, fiz longo plantão no hotel Alvear à espera da clássica entrevista pingue-pongue com ele. Já era insólito encontrar o herdeiro do movimento dos "descamisados" alojado no Alvear, o mais luxuoso hotel argentino. Mais insólito foi encontrar um livro de Álvaro Alsogaray à mesa de Menem quando me recebeu. Alsogaray era uma espécie de Roberto Campos argentino, campeão do ultraliberalismo, de uma família que cansara de conspirar contra Perón e o peronismo. À saída, cruzei com Cláudia Bello, da Juventude Peronista, um dos braços de esquerda do multifacético peronismo. Perguntei se viera ver o "compañero" Alsogaray (os peronistas também se tratam por "companheiros"). Respondeu com um sonoríssimo palavrão. Palavrão que o futuro tornaria injustificado: o governo Menem foi mais ultraliberal do que até Alsogaray defenderia. As cenas de 1989 voltam à memória ao ver o minueto que Lula dança com Delfim Netto e as especulações sobre a eventualidade de o empresário Jorge Gerdau Johannpeter ser ministro (pelo pouco que conversei com ele, acho até que seria um bom ministro, mas não é esse o ponto aqui). O insólito, no caso, não é a conversão de Lula, feita já no primeiro mandato. Patética é a desculpa que setores da esquerda deram para votar nele de novo: seria a maneira de forçar uma guinada à esquerda no segundo mandato. Comportamento Cláudia Bello típico. Basta ver as fotos: em qual delas João Pedro Stédile, do MST, aparece na platéia dos debates, como claque de Lula, ao contrário, por exemplo, de Delfim Netto? Ah, Menem também foi popular, tanto que se reelegeu -e no primeiro turno, ao contrário de Lula. O que veio depois, você sabe.