Por: Geraldo Galindo (*)
Em todos os cantos do planeta, os povos amantes da liberdade, da inteligência, do saber, comemoram. Todos os que combatem a violência, a força bruta, o fundamentalismo, a burocracia, a mesmice, fazem festa. Foi um longo período de dúvidas, incertezas, especulações, sofrimento – enfim, de trevas. Todos sonhavam ansiosos por esse desfecho. Agora, nos resta, comemorar, comemorar e comemorar.
O caminho não foi fácil. Os reacionários, obviamente avessos às mudanças e ao progresso, usaram as armas de sempre. Em meio à bola dividida fizeram ameaças, achincalharam, debocharam, chutaram a canela, provocaram o medo para evitar o novo – o novo que é inevitável, que costuma aposentar as chuteiras do atraso. Pisaram na bola os que tentaram ignorar a sabedoria do povo, que não pisa na bola quando percebe que num jogo duro a torcida pode influenciar o resultado.
Quando falaram em inexperiência, sabiam eles que pra adquiri-la é necessário ter oportunidade; quando vociferaram contra eventuais turbulências pessoais em períodos passados, não levaram em conta que o ser humano amadurece com o tempo e cresce em momentos decisivos; quando relembraram fragilidades pessoais de amigos, as utilizaram apenas por oportunismo – característica marcante dos embusteiros profissionais.
Estamos felizes. Um homem de origem pobre vai comandar a maior potência entre muitas potências. E ao que tudo indica, ele chega com humildade, com tolerância, sem os arroubos da arrogância substituída. A incompetência, a insegurança e as tergiversações do período anterior que deixaram a nação sem esperança no futuro, foram postas em cheque e varridas de forma espetacular.
A humanidade esperava por esse momento – precisava desse momento. Não era mais possível uma nação que reúne tantos talentos ser comandada por reacionários que apostam na brutalidade em detrimento da destreza, da perspicácia, da habilidade.
Se você amigo (a) leitor (a), imaginava ao ler essas linhas que eu estaria comentando sobre a eleição americana, se enganou. Estou falando sobre a chegada de Maradona à direção da comissão técnica da seleção da Argentina, país do melhor futebol do mundo e pátria do maior jogador de futebol de todos os tempos. Nascido na periferia de Buenos Aires e maior ídolo dos gramados do futebol no mundo, ele tem pela frente uma imensa responsabilidade. Deverá fazer todo esforço para não frustrar os milhões de amantes do bom futebol que ele praticou com genialidade.
A respeito da vitória de Obama, que não analisarei, reproduzirei apenas um pequeno parágrafo da nota do Partido Comunista de Portugal, que eu assino embaixo sem pestanejar: "Não ignorando diferenças entre os candidatos republicano e democrata, a verdade é que ambas as candidaturas não disfarçam o seu vínculo a um projecto de dominação no plano econômico, ideológico e militar do mundo".
*) Geraldo Galindo escreve quando bebe e bebe quando escreve.
Presidente do PCdoB de Salvador.
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