Blog de Alcides Santos

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sábado, março 25, 2006

CANSADOS DE LULA PRESIDENTE

Depois de uns cinco anos do governo de FHC, muitos dos brasileiros como eu, desligavam a TV no momento exato em que era anunciado a sua aparição na telinha. Eu já estava craque no desligamento ou na mudança de canal. Então, só tinha o desprazer de vê-lo, quando ele aparecia na capa de jornais ou revistas se defendendo de algum escândalo, dos mais de 45 que rondaram o seu governo. (Sivam, Privatizações, Emenda da reeleição, etc.). Ontem, dia 24/03/2006, todas as emissoras de TV se revezavam entre a visita do Presidente Lula ao Rio de Janeiro e às imagens da Deputada do PT/SP, Ângela Gaudagnin se esbaldando na "dança da impunidade" na Câmara Federal. Sobre a "dança" da deputada, ela, apenas está mostrando para todo o Brasil ver o sentimento que a bancada do PT, outrora "partido dos trabalhadores" têm em relação aos escândalos do Governo Lula. (Fala-se em mais de 13). Quanto a visita do Presidente ao Rio de Janeiro, estava assistindo atentamente a matéria televisiva e, de repente, quando Lula falou sobre os inúmeros "donos" das obras do PAN Rio 2007, a mesma repugnância que tinha em relação a FHC voltou a me invadir. O Presidente tem o direito de falar as besteiras e parábolas inspirado em frases de pára-choques de caminhão que ele quiser, mas, para mim foi o limite. Ele falou: "... é como o cachorro que tem muitos donos, morre de fome porque todo mundo pensa que colocou comida e ninguém colocou." Basta. A partir de agora, infelizmente, quando ele for aparecer na TV, desligo a TV e pronto. Meus ouvidos agradecerão.

O GRITO DA JUVENTUDE CABENSE

O GRITO DA JUVENTUDE CABENSE
Muito tem se falado em nossa cidade, sobre a conveniência do Governo Municipal em trazer bandas caríssimas para um suposto "Festival da Juventude". Neste artigo publicado pelo site CaboPress, Cristiano Ferreira, velho militante das causas juvenis faz um relato competente da luta dos jovens cabenses por dias melhores para si e para toda a sociedade:

A nossa juventude só quer saber do que pode dar certo e tem certeza que é preciso muito mais para "construir um novo tempo para a juventude".
Por Cristiano Ferreira*


Venho acompanhando nos últimos dias o intenso debate estabelecido pelos internautas que acessam esta agência de notícias do Cabo de Santo Agostinho acerca do "Festival da Juventude" que vem sendo anunciado pelo governo municipal. Militâncias e torcidas organizadas à parte, percebemos em todos os comentários verdades, equívocos e até exageros. Vejamos alguns exemplos:

O atual prefeito promete o badalado show em tela desde 1996.
É uma verdade, pois esta promessa constou de todos os programas de governo de todas as campanhas do atual prefeito;

A gestão passada nada fez pela cidade e em particular pela juventude.
É um equívoco e tentar cunhar esta opinião na sociedade é desconhecer a realidade histórica ou subestimar a capacidade do povo de uma cidade que tem tradição de luta;

O Chiclete com Banana é o maior sonho do povo do Cabo.
É um exagero!! Os cabenses têm capacidade e o direito de sonhar com algo mais que um evento de brega e música baiana.

O que é a juventude?
Mas, afinal, o que a juventude? A juventude é a fase de transição entre a infância e a idade adulta. Neste período muitas são as transformações biológicas, afetivas e culturais ocorridas no ser humano que, ao lado das transformações políticas, econômicas e sociais construídas na sociedade, contribuirão para o desenvolvimento destes cidadãos de direito, que num futuro próximo serão adultos e cumprirão vários papéis sociais. Pensar, discutir, propor e implementar políticas públicas para a juventude, as chamadas PPJ, é cuidar da própria sociedade e é dever de todo o aparelho do estado ser o fio condutor deste processo. A preocupação dos governos com a juventude começou a ganhar destaque internacional em 1985, na Assembléia Geral da ONU, onde foi aprovado aquele como o Ano Internacional da Juventude e 22 de setembro como o Dia Internacional dos Jovens, além de uma série de recomendações aos governos nacionais no sentido realizar políticas para a juventude. No Brasil, este tema apareceu com destaque pela primeira vez no Programa dos 13 pontos, do então candidato a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989. Em 1995, o governo brasileiro assinou o Tratado Íbero-americano dos Direitos da Juventude com mais de 40 países reunidos em Portugal. Daí nasceram programas como o Agente Jovem.

Experiência pioneira
No Cabo de Santo Agostinho, em 1999, foi construído o Programa Municipal de Políticas Públicas para a Juventude, fruto de calorosa discussão no 2º Encontro da Juventude Cabense, realizado em maio do mesmo ano, no CAIC, envolvendo dois mil representantes dos mais variados grupos juvenis da cidade que precedeu uma pesquisa qualitativa e quantitativa onde o governo municipal capilarizou o sentimento juvenil sobre os mais diversos temas, e não apenas preferências musicais. A pesquisa apontou que para os jovens cabenses do final da década de 90 seu maior problema era o desemprego, em segundo lugar, a educação, em terceiro, a cidadania e em quarto, o lazer. Dessa forma, o encontro multifacético proporcionou atividades esportivas, oficinas culturais, cinema, shows de pagode com Curtisamba, MPB com Nando Cordel, Godspel com Davi Vandelei e Rock com bandas da cena cabense e muito debate. Participaram ainda como debatedores Ruana Nunes, então Presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Fabiano Kempfer, Assessor de PPJ da Prefeitura de Porto Alegre, além de Pe. Reginaldo Veloso, entre outros. Desses instrumentos de avaliação nasceu um programa que incorporou projetos e ações que já eram implementadas por diversos setores do governo como o Aprendizes do Futuro, o Agente Jovem, o PROCUCA, o Programa de Qualificação Profissional. Além disso, incorporou também novas ações apontadas como prioritárias pela juventude como a construção de dois parques municipais, a realização do CABOFEST, a criação do Festival Pinzón e do Réveillon em Gaibu, a construção do Fórum de Entidades Juvenis do Cabo, entre outras. O programa rompeu com uma lógica de ações pontuais setorizadas e construiu uma política pública global para os jovens. Dessa forma a Prefeitura do Cabo comandada pelas forças populares da cidade, iniciava uma pioneira experiência nordestina de um programa de governo que tratava a juventude como um eixo estratégico para o desenvolvimento local.Agora, como toda experiência, cometeu erros, mas o balanço geral é extremamente positivo. Depois do 2º Encontro da Juventude Cabense, os jovens do Cabo nunca mais foram os mesmos, pois eles descobriram que deveriam buscar sua unidade em torno de questões de seu interesse que não giravam mais apenas em torno da educação. Puseram abaixo a opinião preconceituosa corrente entre as forças mais conservadoras de que "a juventude é sexo, drogas e rock in roll" cunhada nos anos de ditadura militar no Brasil. Construíram com suas próprias mãos um instrumento que abriu as portas para todos os governantes cabenses atuais e futuros do caminho que deve ser seguido pelo poder público na edificação de uma sociedade melhor.

O protagonismo da juventude brasileira
Nos últimos tempos o termo protagonismo juvenil vem sendo utilizado por todas as correntes políticas e sociais do país. No entanto, as opiniões que estão no pano de fundo desse conceito não são homogêneas e, na maioria das vezes, são antagônicas. São freqüentes as tentativas de diversas forças em incentivar a participação da juventude em campanhas de solidariedade, ações de inclusão social, lutas em defesa do meio ambiente e etc. como modelo desse protagonismo, trilhando sempre um caminho de participante individual e espontâneo, subestimando o papel coletivo, a organização e a defesa de bandeiras de caráter político tradicionais da juventude brasileira que, em que pese a relevância dos temas citados, sempre rumou na contramão dessa opinião. Através da história, nossa juventude vem demonstrando que seu verdadeiro protagonismo é político. Em todas as ocasiões em que o país precisou se mobilizar para realizar grandes transformações políticas, a juventude lutou para que o país enfrentasse o nazi-fascimo na 2ª Grande Guerra, pela redemocratização do país nos anos duros do regime militar, para derrubar um presidente que tentou vender o país e para derrotar nas urnas, em 2002, o projeto político neo-liberal imposto ao Brasil e a América Latina pelos EUA e seus aliados europeus e asiáticos. Como exemplos de transformações políticas, poderia citar a luta pela abolição da escravidão, que tem grande expressão em dois jovens, Zumbi dos Palmares e Castro Alves, até a grande vitória do povo brasileiro com a eleição do presidente operário Luiz Inácio Lula da Silva, que colocou no centro do poder novas correntes políticas comprometidas com o desenvolvimento soberano e com distribuição de renda no Brasil.

O Caminho escolhido pelos jovens do Cabo
Historicamente, a juventude cabense não se diferencia dos jovens brasileiros. Nossa rapazeada lutou bravamente nos anos 60 e 70 contra a ditadura militar notadamente através de seus movimentos culturais. Jovens escritores, atores, mestres, publicistas, entre outros, puseram seu talento em favor das lutas do povo brasileiro para derrotar a ditadura terrorista. Nos anos 80 foi a vez da geração anti-Coca-Cola cerrar fileiras na campanha das diretas, construir a União Cabense dos Estudantes Secundaristas, ajudar a aprovar o voto aos 16 anos, contribuir para dar o golpe de misericórdia no regime dos generais e abrir caminho para a democracia. Nos anos 90, os caras pintadas do Cabo fizeram desta cidade a primeira do Brasil a realizar eleições diretas para dirigentes escolares, o primeiro município pernambucano a devolver a meia entrada para os estudantes, ajudaram a derrubar o presidente Collor e organizar a resistência ao governo antidemocrático que se instalou na cidade em 1993. Herdeira de toda essa tradição de luta, surge na virada do milênio uma nova juventude, multicultural, ampla, antenada, descolada, multilateral, aparentemente dispersa, que vai ao tal "Festival da Juventude", mas que, mesmo sabendo da importância do lazer para seu pleno desenvolvimento em todas as suas dimensões, dificilmente contenta-se com pão e circo ou populismo, pois essa é a juventude que só quer saber do que pode dar certo e tem certeza que é preciso muito mais para "construir um novo tempo para a juventude".

(*) Cristiano Ferreira é ex-dirigente da União da Juventude Socialista (IJS); ex-diretor da União Cabense dos Estudantes Secundaristas (UCES); ex-presidente do Grêmio da Escola Epitácio Pessoa; ex-vice-Presidente Regional da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES); ex-coordenador do Fórum de Entidades Juvenis do Cabo (Espaço da Juventude); ex- Conselheiro Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente; ex-Conselheiro Municipal do Desporto; ex-gerente de Esportes, Lazer e Juventude e de Gestão Democrática da Prefeitura do Cabo. "