Blog de Alcides Santos

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segunda-feira, março 16, 2009

Cacete não é santo, mas é um santo remédio

José Adalberto Ribeiro
joseadalbertoribeiro@hotmail.com

Oxente, que idéia maluca é essa de fichar a macacada para entrar nos campos de futebol!? Daqui a pouco vão pedir uma nova identidade para eu entrar no Parque da Jaqueira, no Parque Lindu, no Bompreço dos Aflitos, no Shopping Plaza, na farmácia dos pobres, na farmácia dos ricos, na casa da mãe de pantanha ...
Além de inútil, é ilegal, imoral e só engorda a burocracia.
Quando eu crescer, Deus me livre de ser troglodita de futebol.
Reconheço que sou um intelijumento em matéria de futebol. Mas, eu tive uma idéia genial, modéstia à parte, para combater a violência nos estádios. Inspirei-me na sabedoria proverbial de que “Cacete não é santo, mas opera milagres”.
À semelhança da famigerada “farra do boi”, proponho uma espécie de “farra dos torcedores alucinados”. Seguinte:
Todos os integrantes de torcidas organizadas e torcedores trogloditas devem ser convocados, às vésperas dos jogos, para se engalfinhar, se arrebentar, em lutas livres nos estádios, na base de chutes, socos, pontapés, pauleira em geral. Devem ser distribuídos por categoria juvenil, adulto, de 25 a 30 anos, de 30 a 40, velhotes, homens, mulheres.
Antes de cada pugilato, os rivais fariam uma sessão de xingamentos para esquentar os ânimos, na base dos palavrões, ofensas, um descarrego geral de baixarias.
Haverá ainda mais shows de pauleira nas arquibancadas, cadeiras e camarotes, ao gosto dos fregueses. Os brigões agirão por sua livre e espontânea maldade.
Se desejarem, os diretores de clube também poderão fazer reuniões preparatórias na base de insultos, ofensas e agressões. Aliás, esse tipo de reuniões já ocorre normalmente. Deveriam ser mais estimuladas pelas autoridades para matar o veneno das cobras.
Torcidas trogloditas, organizadas ou não, entrarão no corpo a corpo em lutas ferozes. Ao final do segundo tempo de 45 minutos, em meio a escoriações, hematomas, costelas e pernas quebradas, serão proclamados os vencidos e vencedores. Poderá haver prorrogação para desempates na base de caneladas.
Cadê o valentão?! Os vencedores serão presos e ficarão felizes, porque lugar de marginal é na cadeia. Os feridos não poderão ser atendidos pela rede pública, mesmo porque as unidades de saúde do governo funcionam na base do caos e não seria justo sobrecarregar ainda mais esses serviços.
A macacada pergunta qual deve ser o papel da polícia nesta jornada cívica e cultural. Eu vos direi: a bordo dos seus cassetetes turbinados, os policiais estarão posicionados na arena das lutas livres, nos gramados, nas arquibancadas, nas entradas e saídas dos estádios de futebol. E serão convidados de honra nas reuniões das torcidas organizadas. Os cassetetes cumprirão a função terapêutica de amaciar o lombo dos torcedores mais exaltados.
Você, magnânimo leitor, politicamente correto, acredita que a polícia poderá cometer alguns excessos?
As cenas serão gravadas para exibição em programas educativos tipo “A bronca pesada” do terapeuta Cardinot e similares. Graça Araújo, famosa e formosa criatura, será eleita corregedora social para passar em revista o comportamento das tropas, diplomáticas e gentis pela própria natureza.
Eu sou da paz e esta é uma proposta da paz. Os cassetetes são dedicados aos baderneiros porque eles só entendem essa linguagem.
Ao relinchar nos estádios e nas ruas, os novos bárbaros das torcidas organizadas propagam a cultura da intolerância, propagam o espírito antiesportivo que não admite os contrários nem admite perder. A intolerância é a raiz da violência.
O arcebispo José Cardoso Sobrinho, o cabeção, deveria excomungar esses trogloditas. São todos uns hereges.
E que os cassetetes no lombo dos arruaceiros e baderneiros sejam saudados como emissários pacifistas.
E assim reinará a santa paz nos campos de futebol.